sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Projeto Tamar - Ubatuba


                                                       Projeto Tamar em Ubatuba


O Projeto Tamar-Ibama nasceu em 1980 com o objetivo de salvar e proteger as populações das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem na costa brasileira: cabeçuda (Caretta caretta), verde (Chelonia mydas), de pente (Eretmochelys imbricata), oliva (Lepidochelys olivacea) e de couro (Dermochelys coriacea).


Nos primeiros anos foi prioridade proteger as fêmeas e filhotes, trabalho que até hoje é realizado nas bases de reprodução, alcançando a marca de cinco milhões de tartaruguinhas soltas no mar sob sua proteção.
A partir dos anos 90, foram criadas as bases em áreas de alimentação, a primeira em Ubatuba, litoral norte paulista e depois no Ceará e Alagoas. O Projeto Tamar-Ibama conta com o patrocínio da Petrobrás.

Captura incidental na atividade pesqueira, a grande ameaça para as tartarugas marinhas

Os técnicos do projeto logo perceberam que um dos grandes problemas para a recuperação e proteção dessas populações consistia na mortalidade em função da crescente captura acidental das tartarugas pela atividade pesqueira, tanto na costa como em alto mar.




Ubatuba apresenta uma grande quantidade de tartarugas juvenis tendo na região importante área de alimentação, especialmente as tartarugas verdes com mais de 95% dos registros, segundo a coordenadora regional de São Paulo a oceanóloga Berenice Gallo. Outras espécies como a cabeçuda e a de pente são capturadas eventualmente em cercos flutuantes, redes de espera e arrasto de camarão e as de couro em artes de pesca em alto mar. Somente a oliva não freqüenta esse mar.





Ubatuba é um tradicional e antigo porto do litoral paulista com uma grande frota pesqueira, entre os recursos que oferece estão os peixes: cavala, tainha, parati, sororoca e espada, além do camarão rosa e sete-barbas. Por isso existe uma elevada incidência de captura acidental em redes de pesca ao longo do ano todo, com aumento significativo no inverno, pela chegada de novos indivíduos.



A atuação conjunta entre pescadores e técnicos
O trabalho de conservação e proteção realizado pelo Tamar-Ubatuba está diretamente relacionado com a atividade pesqueira, que representa a maior ameaça para as tartarugas marinhas. Desde 1991 quando a base foi implantada, até o ano passado, o Tamar registrou quase 4.500 ocorrências na região.

Além do monitoramento das praias, a marcação das tartarugas capturadas por barcos de pesca com redes de deriva é realizada com o embarque de técnicos da Base. Em 2000, o Tamar iniciou em Ubatuba o monitoramento da captura acidental de tartarugas pela frota camaroeira do município. Equipes do projeto embarcam na pescaria para marcar e soltar os animais, além de ensinar à tripulação as técnicas para reanimar as tartarugas que estejam afogadas e desmaiadas

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Centro de Reabilitação em Ubatuba

O Tamar de Ubatuba conta com um Centro de Reabilitação. O Centro atende principalmente tartarugas acometidas de fibropapilomatose, que tem grande incidência na região. Os fibrapapilomas são tumores que se espalham pelo corpo do animal prejudicando sua mobilidade e a alimentação podendo causar sua morte.O Centro realiza cirurgias para extração dos fibropapilomas, procedimento que reduz o desconforto dos animais e recolhe amostras de tecido para estudos.



O Projeto realiza pesquisa em parceria com a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo há sete anos, lembra a Dra. Eliana Reiko Matushima, chefe do Departamento de Patologia da Faculdade, que realiza palestras para os estagiários e auxilia o Tamar em diagnósticos anátomo-patológicos de tartarugas mortas. Além disso, inúmeros trabalhos científicos já foram apresentados em congressos e publicados em periódicos nacionais e internacionais. Segundo a coordenadora regional Berenice Gallo, a Base de Ubatuba coleta sistematicamente dados sobre a ocorrência desta doença, buscando através dessa parceria com a Universidade de São Paulo, estudar as possíveis causas desses tumores.

O Tamar atende também casos de animais atropelados por embarcações, com problemas no aparelho respiratório ou que ingeriram lixo, inclusive sacos plásticos, embalagens, lonas, linhas de pesca e outros artefatos. A ingestão de lixo é o segundo maior índice de atendimento no Centro de Reabilitação de Ubatuba, que conta com equipe especializada, área de quarentena para tratamento de tartarugas debilitadas, ambulatório, sala de cirurgia e cinco tanques de até três mil litros para isolamento de animais em tramento.


Ass: Thaís Vitória

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